Book Reviews

28 agosto, 2009

227) Douglas North sobre as sociedades abertas

Uma resenha sobre um livro importante:

Douglass North, John Joseph Wallis, Barry R. Weingast:
Violence and Social Orders - A Conceptual Framework for Interpreting Recorded Human History
(Cambridge University Press, 2009)

As elites, a dominação e a mudança
Ricardo Abramovay
Valor Econômico, 28/08/2009

O grande trunfo das sociedades de acesso aberto está na eficiência adaptativa, que concilia poder e participação.

É pela maneira como enfrentam o problema da violência que as sociedades moldam a interação humana e definem as formas de sua organização política e econômica. Nos últimos dez mil anos, a humanidade conheceu fundamentalmente duas maneiras de conter a violência. A que durou mais tempo é a ordem de acesso limitado ou estado natural, típico tanto da Mesopotâmia como da Grã-Bretanha sob os Tudors ou do império asteca. Na verdade, é em sociedades de acesso limitado que vivem, até hoje, 85% da humanidade em 175 países. O traço central desses estados naturais é que sua estabilidade vem de uma coalizão de forças cujos membros possuem privilégios (em alguns casos, até direitos) especiais. O poder militar é disperso entre vários grupos, que renunciam a seu uso estabelecendo acordos para obter ganhos em atividades econômicas. Mas esses acordos são estritamente fechados e personalizados. É somente nos últimos 150 anos que algumas poucas sociedades formaram estados de acesso aberto, em que os processos de dominação social são despersonalizados e a concorrência no plano da política e da economia abre caminho a inovações que resultam em melhorias espetaculares no nível de vida. Daí decorrem duas questões centrais: o que permitiu que da ordem formada por estados naturais emergissem sociedades marcadas pelo acesso aberto e por que essa transição ficou limitada a um número tão restrito de países?

Aos 88 anos de idade e detentor do Prêmio Nobel de Economia de 1993, - um livro que certamente será referência nas ciências sociais do século XXI.

Seu ponto de partida é que a violência só pode ser controlada pelo interesse das elites em formas de exploração econômica que lhes tragam mais renda que aquela propiciada pelo uso das armas. É somente nas sociedades de acesso aberto que existe um real monopólio da violência por parte do Estado. Nas de acesso restrito, a violência é dispersa e o desafio é encontrar os meios que permitam aos grupos dominantes explorar oportunidades de ganho que os levem a renunciar a seu uso. O principal meio para tanto consiste na restrição da possibilidade de formar organizações a um pequeno número de indivíduos. Daí a profunda dependência e promiscuidade entre organizações privadas e públicas, característica das sociedades de acesso fechado.

Até o início do século XIX, criar empresas ou formar uma organização política, por exemplo, era um privilégio, cuja concessão vinha do Estado. Foi a partir de então, e inicialmente apenas em três países (Grã-Bretanha, França e Estados Unidos), que as elites se submeteram a leis universais. Ao mesmo tempo, generaliza-se a possibilidade de criar organizações independentes do Estado e consolida-se o controle político sobre o poder militar. O monopólio da violência é uma consequência e não uma precondição da formação das democracias modernas.

A questão central do livro é: se as elites estabilizam seu poder com base em privilégios especiais, em formas personalizadas de dominação e em restrições a construir organizações, como é possível que os estados de acesso fechado produzam as premissas de uma ordem social apoiada na impessoalidade e na abertura de oportunidades a segmentos cada vez mais amplos? A resposta é que em sociedades de acesso fechado, para garantir as prerrogativas das elites são necessárias organizações cuja expansão acaba exigindo a definição não apenas de privilégios, mas também de direitos dessas elites. Ao mesmo tempo, criam-se condições para que se ampliem as oportunidades de ganho para segmentos maiores das próprias elites dominantes, com base em processos competitivos, o que exige um novo arranjo institucional, em que as formas despersonalizadas de dominação passam a ter primazia. A democracia e o desenvolvimento não são nem renúncia dos grupos dominantes aos seus interesses nem concessões que eles fazem às pressões das massas. São novas modalidades de dominação, em que as elites passam a empregar organizações e métodos de controle impessoais e nas quais se amplia de maneira exponencial a possibilidade de formar organizações não só às elites, mas ao conjunto da população.

O livro tem a ambição de propor nada menos que uma nova agenda de pesquisa para as ciências sociais, no centro da qual estão as maneiras como diferentes sociedades lidam com a violência. Três conclusões importantes se destacam. Em primeiro lugar, o desenvolvimento não se resume a acrescentar "mais capital ou a transplantar para uma sociedade instituições corretas como democracia, direitos de propriedade, mercados ou leis". Sem que se criem condições que despertem, nos próprios grupos dominantes, o interesse por abrir as oportunidades de estimular organizações, o receituário da democracia formal (eleições, mercados, leis, etc.) pode ser um tiro pela culatra. Desenvolvimento supõe a compreensão da cultura e da história dos países e não fórmulas prontas. A segunda conclusão é que sociedades de acesso aberto se caracterizam por Estados fortes, com destacada intervenção na vida econômica e, sobretudo, capacidade de oferecer, em bases impessoais, bens públicos que contribuam para reduzir a desigualdade e ampliar o acesso a oportunidades de geração de renda. Por fim, e mais importante: os estados naturais mostraram-se extremamente resilientes, com seus milhares de anos de vida, e não se pode garantir que as sociedades de acesso aberto vão perdurar. Mas seu grande trunfo é que possuem maior eficiência adaptativa que qualquer outra forma de organização social conhecida anteriormente. Não se trata de uma apologia acrítica da economia de mercado e sim de uma poderosa análise histórica sobre as razões que levam as elites a ampliar as bases legais e organizativas de sua dominação para, por aí, abrir possibilidades extraordinariamente ricas de participação e de mudança social.

Ricardo Abramovay, é professor titular do Departamento de Economia da FEA/USP, coordenador de seu Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa), pesquisador do CNPq e da Fapesp. www.econ.fea.usp.br/abramovay

27 agosto, 2009

226) International Economic Integration

Dennis M.P. McCarthy
International Economic Integration in Historical Perspective
New York: Routledge, 2006. xii + 254 pp. $160 (hardcover),
ISBN: 978-0-415-77027-9.

Reviewed for EH.NET by John R. Hanson II, Department of Economics, Texas A&M University.

This is a vague title because there are many historical perspectives one could take on globalization today. The proliferation in recent times of econometric work based on the principle of the economic integration of world commodity markets in the past is one such. This is a leading approach today, as a perusal of recent issues of the leading economic history journals indicates. Another approach, allied to the first, is statistically descriptive. What actually were the magnitudes of international flows of capital, goods, and labor in the past? This is also a common approach today, although less so than the other. Both are in the tradition of what used to be called the New Economic History.

The volume under review, however, is pure Old Economic History. It is largely non-statistical, non-theoretical and proffers conclusions based on the expertise of the author gleaned from qualitative sources. Though empirically based, it does not truck with modern studies, especially not the abundance of econometric ones published by Jeffrey Williamson and his associates in obvious outlets. It has, on the contrary, the air of wisdom gained from a lifetime of study of certain historical events and episodes in international economic integration. The question is whether such a treatment of various unconnected topics falling under the general rubric of international integration adds much to our understanding of today or of the past. Another question is whether this work belongs to the “lessons from history” genre of historical writing or the “historical roots of the present world” genre. The author seems to want membership in both. Either way, I learned something, but not much which sheds light on the present, either as guide to policy or roots of the current situation.

After an introduction which tries to define or give coherence to the body of the work, the author presents a series of chapters about internationalization in the past. These include chapters on colonial empires, merchant associations, religious empires, criminal empires, free trade areas, customs unions, and common markets, all in 194 pages of text. Obviously the discussions of each are cursory, but on those subjects with which I am familiar I found the author’s discussion and opinions well-grounded and to the point. So as an informative introduction for undergraduates to some interesting and sometimes neglected international history I was not disappointed. But what does it all mean?

For example, the author portrays most of this as the back story to the modern world, which is generally true. Modern globalization does not arise from a vacuum. The institutions described represent or are implied to represent the connection-building which let modern globalization flourish. Leaving aside the glaring omission of multinational enterprise, which the author apologizes for, it is not made clear what precisely the contribution of any of these things was to the present. Criminal empires? What does modern globalization have to do with the Mafia? What we get is a discussion of how the Mafia operates, period. There is no discussion of it as a model for the international drug trade, which is only briefly referenced, or anything else. This lack of close linkage of historical topics to present conditions is disguised by the author’s frequent use of the word “panorama” to describe what I would call his arbitrary (but not uninteresting) collection of episodes about international economic contact in the past.

As for lessons learned from study of these episodes, there is little of interest. The summary at the end continues the effort begun in the introduction to unify the disparate topics, but it can hardly be considered a guide to modern policy. Again, the “lessons learned” seem unique to the event which produced the “lessons.” The author needs to show in more detail what the moral of his tales is -- the takeaway (as my students like to say). My takeaway is the impression of a failed effort to bring modern pertinence to some very interesting historical material.


John R. Hanson II is Professor of Economics at Texas A&M University and Stipendiary Fellow of the Glasscock Center for the Humanities at Texas A&M. Among his publications are "Proxies in the New Political Economy: Caveat Emptor" _Economic Inquiry_, October, 2003. He is at work on denominational issues in the colonial American money supply.

Copyright (c) 2009 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (June 2009). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview.
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24 agosto, 2009

225) Educacao Basica no Brasil: livro importante

A importância da educação
Fábio Giambiagi
Valor Econômico, 24.08.2009

Acaba de ser publicado o livro educação básica no Brasil (Campus/Elsevier), com 12 capítulos, incluindo um do Prêmio Nobel de Economia do ano 2000, o professor James Heckman, que nos honrou com a co-autoria de um ótimo artigo escrito junto com os professores Araújo, Cunha e Moura. Como fui apenas um dos quatro organizadores do livro e os méritos cabem aos autores, que escreveram excelentes capítulos, sinto-me à vontade para elogiar o conteúdo. Penso que os interessados podem ter na leitura das páginas um diagnóstico e um roteiro acerca dos desafios a serem enfrentados pela educação brasileira. A maior contribuição do livro é a de mostrar o que vem sendo feito de inovador e começando a revelar os primeiros resultados nessa área, no Brasil e no mundo. Capítulos como os de Fernandes e Gremaud, destacando o papel da avaliação e do aprimoramento de indicadores; de Menezes-Filho e Ribeiro sobre os determinantes da melhoria do rendimento escolar; de M.Neri sobre como a educação é percebida pela população; e de C.Ferraz sobre as experiências de SP e PE com a adoção de incentivos por desempenho na remuneração de professores, sem prejuízo dos demais capítulos que não há espaço para resumir, apontam caminhos promissores para a ocorrência futura de novos avanços na matéria. Como em tantas outras áreas no Brasil, houve melhoras, mas há uma árdua tarefa pela frente.

A importância da educação pode ser medida pelos dados de um dos capítulos, escrito por C.Moura Castro. Nele, mostra-se que no Brasil, indivíduos com o ensino fundamental ganham em torno de 2 vezes o que ganha um indivíduo sem escolaridade; os que têm ensino médio completo recebem um terço (1/3) a mais que aqueles que possuem apenas o fundamental; e os graduados com ensino superior têm rendimentos equivalentes a mais de 3,5 vezes o de quem tem apenas o ensino médio. Estudar, portanto, é importante para o país e para os indivíduos, pois, de um modo geral, à maior educação estão associados níveis maiores de rendimento e de bem-estar.

O Brasil se atrasou, historicamente, em relação a outros países que ou já tinham feito seu dever de casa na matéria há muito tempo - como os EUA - ou se dedicaram intensamente à educação nas últimas décadas - com destaque para alguns asiáticos. F.Barbosa Filho e S. Pessôa mostram que no começo da década atual, o número médio de escolaridade da população economicamente ativa dos países de língua inglesa, com destaque para os EUA, era o dobro em relação ao Brasil.

A tabela, retirada do primeiro capítulo do livro, de autoria do professor F Veloso, complementa essa informação, decompondo o dado do percentual da população com 25 anos ou mais de idade com ensino médio completo. Apesar dos avanços dos últimos anos, o Brasil fica mal na foto. No conjunto da população, o indicador já é constrangedor: enquanto que apenas 30% da população adulta tem ensino médio completo no Brasil, o percentual atinge níveis de 80% a 90% na Alemanha ou os EUA. Porém, é no avanço ao longo do tempo que se nota mais nosso atraso relativo, quando se comparam os percentuais daqueles que concluíram o ensino médio entre grupos populacionais específicos. Uma medida é comparar esse indicador para dois grupos etários: o de 25 a 34 anos e o de 55 a 64 anos. Aquele indica qual o grau de educação dos jovens, enquanto que o último mostra a fotografia do grupo que foi jovem três décadas antes. É uma forma de medir o progresso de um país entre gerações. Veja-se o que aconteceu com a Espanha: no grupo de 55 até 64 anos, apenas 27% têm ensino médio completo, mas entre os mais jovens, o percentual atinge 64%. Não é à toa que a Espanha de hoje é apenas uma pálida lembrança do país dos anos 70. No Chile - que experimentou grandes progressos nos últimos 30 anos - tais percentuais são de 32% e 64%, respectivamente. E o que mais impressiona: não apenas os mais idosos da Coréia do Sul têm níveis de educação similares aos dos jovens do Brasil de hoje, mas - pasmem - o percentual de jovens que concluiu o ensino médio na Coréia atingiu incríveis 97%.

Fabiana de Felício apresenta outros dados para compor o quadro: a taxa de conclusão do ensino fundamental aos 16 anos de idade no Brasil era de 61% em 2007, o que é pouco. Por outro lado, tinha sido de apenas 34% em 1997. Ao mesmo tempo, a escolaridade média das pessoas com 15 anos ou mais era de 7 anos em 2007, o que também é pouco, informação essa que, porém, vem acompanhada de duas boas notícias: a primeira é que houve uma melhora importante, pois o número de anos de estudo desse grupo era de 5 em 1987; e a segunda é que a faixa de 15 a 30 anos já tinha alcançado 9 anos de estudo em 2007.

O quadro em geral retratado nos diversos capítulos - que não temos como expor em detalhes, mas que poderá ser melhor percebido mediante a leitura do livro - é de avanços lentos, mas graduais, acentuados nos últimos 15 anos. Se o esforço dedicado ao tema - por méritos compartilhados pelas gestões de Paulo Renato de Souza sob FHC e de Fernando Haddad no Governo Lula - for mantido, o Brasil daqui a algumas décadas poderá ser melhor do que o país em que nos tocou viver. Resta esperar que haja persistência nesses avanços e, de preferência, que eles se acelerem na próxima década.

Fabio Giambiagi é economista, escreve mensalmente às segundas-feiras.

14 agosto, 2009

224) Engels: o anjo gauche de Marx

A biography of Friedrich Engels
A very special business angel

The self-effacing friend who enabled “Das Kapital” to be written

Tristram Hunt:
Marx’s General: The Revolutionary Life of Friedrich Engels
Metropolitan Books; 448 pages; $32

Published in Britain as
The Frock-Coated Communist: The Revolutionary Life of Friedrich Engels
Allen Lane; £25

WHEN the financial crisis took off last autumn, Karl Marx’s “Das Kapital”, originally published in 1867, whooshed up bestseller lists. The first book to describe the relentless, all-consuming and global nature of capitalism had suddenly gained new meaning. But Marx had never really gone away, whereas Friedrich Engels—the man who worked hand in glove with him for most of his life and made a huge contribution to “Das Kapital”—is almost forgotten. A new biography by a British historian, Tristram Hunt, makes a good case for giving him greater credit.

The two men became friends in Paris in 1844 when both were in their mid-20s, and remained extremely close until Marx died in 1883. Both were Rhinelanders (our picture shows Engels standing behind Marx in the press room of Rheinische Zeitung which they edited jointly) but came from very different backgrounds: Marx’s father was a Jewish lawyer turned Christian; Engels’s a prosperous Protestant cotton-mill owner. Marx studied law, then philosophy; Engels, the black sheep of his family, was sent to work in the family business at 17. While doing his military service in 1841 in Berlin, he was exposed to the ferment of ideas swirling around the Prussian capital.

Next, he went to work for the Manchester branch of the family business, Ermen & Engels. Manchester’s “cottonopolis” in the mid-19th century was a manufacturer’s heaven and a working man’s hell, and it provided an invaluable lesson for Engels: that economic factors were the basic cause of the clash between different classes of society. By 1845, when he was just 24, he had not only learnt how to be a successful capitalist; he had also written a coruscatingly anti-capitalist work, “The Condition of the Working Class in England”, which charted the inhumanity of modern methods of production in minute detail.

Engels left Manchester to work with Marx on the “Communist Manifesto” and the two of them spent the late 1840s criss-crossing Europe to chase the continental revolutions of the time, ending up in England. Marx had started work on “Das Kapital”, but there was a problem. He had by then acquired an aristocratic German wife, a clutch of small children and aspirations for a comfortable bourgeois lifestyle, but no means of support.

Engels (whose name resembles the word for “angel” in German) offered an astoundingly big-hearted solution: he would go back to Manchester to resume life in the detested family cotton business and provide Marx with the money he needed to write his world-changing treatise. For the next 20 years Engels worked grumpily away, handing over half his generous income to an ever more demanding Marx. He also collaborated intensively on the great work, contributing many ideas, practical examples from business and much-needed editorial attention. When at last volume I of “Das Kapital” was finished, he extricated himself from the business and moved to London to be near the Marx family, enjoying life as an Economist-reading rentier and intellectual.

Engels was an enigma. Gifted, energetic and fascinated by political ideas, he was nevertheless ready to play second fiddle to Marx. “Marx was a genius; we others were at best talented,” he declared after his friend’s death. Mr Hunt does a brilliant job of setting the two men’s endeavours in the context of the political, social and philosophical currents at the time. It makes for a complex story that can be hard to follow but is well worth persevering with.

Tall and handsome, Engels had a taste not just for ideas but for the good life—wine, women, riding with the Cheshire hunt—and seems to have felt little sense of irony that all these things were paid for by the proletariat’s back-breaking labour. His domestic life was much more unconventional than Marx’s. He lived, on and off, with a semi-literate Irish working-class girl, Mary Burns; then, when she died, with her sister, Lizzy, whom he married only on her deathbed. He had no children, though he chivalrously took responsibility for a boy whom Marx had fathered with a housekeeper.

Engels’s sacrifices continued after Marx’s death. He not only carried on funding the Marx family and their various hangers-on, but also spent years pulling together the chaotic notes Marx left behind for volumes II and III of “Das Kapital”. Inevitably there were lots of loose ends which Engels tied up as he saw fit, and sometimes the results were more revolutionary than the author may have intended. In volume III, where Marx discussed the tendency of companies’ profitability to fall and noted that this might lead to the “shaking” of capitalist production, Engels substituted the word “collapse”, opening up the text to much more radical interpretations by 20th-century Marxists.

When Engels died in 1895, he eschewed London’s Highgate cemetery where his friend was laid to rest. Self-effacing to the last, he had his ashes scattered off England’s coast at Eastbourne—the scene of happy holidays with the Marxes.

12 agosto, 2009

223) Ascensao do Dinheiro, Niall Ferguson

Dinheiro, para o bem e o mal
Oscar Pilagallo
Valor Econômico, 07/08/2009

Niall Ferguson:
A Ascensão do Dinheiro: A História Financeira do Mundo
Editora Planeta. 418 págs., R$ 49,90.

Niall Ferguson: a convulsão de hoje, parte da narrativa secular do progresso humano, deverá dar origem a instituições financeiras capazes de lidar com as novas incertezas
Quando Niall Ferguson lançou "A Ascensão do Dinheiro" nos países de língua inglesa, no ano passado, a impressão que ficou foi que a oportunidade não poderia ter sido pior. Com a crise financeira no auge, o título parecia estar na contramão da realidade. Agora, um ano depois, a chegada às livrarias da tradução para o português coincide com um momento de desanuviação do cenário econômico internacional, e o título do livro parece mais em sintonia com os tempos.

As duas impressões, porém, passam ao largo da intenção do autor. Ferguson colocou o ponto final no trabalho em junho do ano passado, e não podia ter deixado de levar em consideração a crise atual. Ele aborda a bolha do mercado imobiliário americano, as quebras de instituições bancárias, a injeção de dinheiro público para tentar conter o pânico, mas "A Ascensão do Dinheiro" não é, em essência, sobre a conjuntura atual.

Isso não significa que o livro não possa ser lido tendo-se em mente o noticiário dos jornais. Ao contrário, ao oferecer um sólido panorama histórico, Ferguson acrescenta uma nova perspectiva e ajuda a compreender outras dimensões da crise. Enquanto os analistas fecham o foco nas últimas estatísticas, Ferguson o amplia e, assim, faz o leitor se lembrar dos conceitos essenciais sobre o dinheiro e refletir sobre sua natureza, que está na origem desta e das outras crises.

Ferguson está longe de ser um Nouriel Roubini, mais conhecido como Doutor Apocalipse, o economista que ganhou notoriedade por prever, em 2006, a crise atual. Mas também se distanciou do otimismo que dominava os mercados naquela época. Ele conta que em novembro de 2006, numa palestra nas Bahamas, advertiu a plateia de executivos para o risco de um drástico declínio da liquidez e recomendou cautela. "Fui tratado sumariamente como um alarmista", afirma.

Para poder falar do dinheiro hoje, o historiador britânico remonta aos tempos em que o moeda surgiu, no século VII a. C., no reino da Lídia, onde havia em abundância, nos rios, o electro, uma liga natural de ouro e prata, material propício para a confecção das primeiras moedas. De lá para cá, Ferguson passeia por sociedades em que foram utilizadas as formas mais exóticas de moeda: pedras, conchas, sal, papel.

Não há novidade nessa primeira parte, e nem o autor poderia ser cobrado por isso. A mesma história é encontrada em livros como "Moeda: De Onde Veio para Onde Foi", de John Kenneth Galbraith, "A História do Dinheiro", de Jack Weatherford, ou até "Da Moeda", escrito em 1751 por Ferdinando Galiani, para citar alguns títulos disponíveis.

Ferguson acrescenta algo em relação aos outros autores? Apesar de usar basicamente as mesmas fontes, a resposta é afirmativa. O conteúdo não é, nem poderia ser, diferente. Mas a maneira de contar a história não é a mesma. "A Ascensão do Dinheiro" é uma obra que, desde a concepção, visou os formatos de livro e de televisão, tendo sido produzido como um documentário para o Channel 4 britânico. Embora script e texto não sejam os mesmos, o livro carrega muito da linguagem visual.

A observação não desmerece a obra. A abordagem não apenas torna o conteúdo mais didático, uma imposição da TV. Mais importante é o fato de um assunto árido e abstrato ganhar cenários em que atuam homens de verdade, como o presidente do banco central americano, e de ficção, como o agiota de Shakespeare em "O Mercador de Veneza".

A história do dinheiro rende um baú de curiosidades. Muitas, no entanto, não passam disso e são irrelevantes do ponto de vista monetário. É tão fácil agradar ao leitor ávido por anedotas quanto se perder em historietas que não ajudam a dar um norte para a narração. Ferguson escapa da armadilha. Repassa o repertório conhecido - o surgimento dos bancos na península italiana, o impacto da descoberta da prata no Peru, a especulação com as tulipas na Holanda, as conexões entre moeda e revoluções - mas não anda em círculos e faz a história avançar ao ponto que quer chegar.

Qual o ponto? Este: "A ascensão do dinheiro tem sido uma das forças propulsoras por trás do progresso humano". Para o autor, as economias que combinaram as inovações institucionais permitidas pelo uso do dinheiro - bancos, mercados de títulos, bolsas de valores, seguro e democratização da posse de imóveis - "tiveram melhor desempenho ao longo do tempo do que aquelas que não o fizeram, por que a intermediação financeira geralmente permite uma alocação mais eficiente de recursos do que, digamos, o feudalismo ou o planejamento central".

A tese não é mais polêmica. Até há pouco tempo, alguns comunistas poderiam contestá-la - embora sociedades comunistas não tenham, na prática, prescindido do dinheiro. Hoje, não mais. Ao defendê-la, no entanto, Ferguson faz aproximações históricas que se revelam frágeis. Lembra corretamente que os incas só atribuíam qualidades estéticas aos metais raros. E conclui: "O trabalho era a unidade de valor no Império Inca, exatamente como mais tarde foi suposto ser numa sociedade comunista. E, exatamente como no comunismo, a economia dependia de frequentes planos centrais e do trabalho forçado". Ora, o trabalho forçado não é, como se pode deduzir do raciocínio de Ferguson, exclusividade de sociedades refratárias à ideia da monetização, sejam elas incas, comunistas ou alguma tribo perdida na Amazônia.

No conjunto, porém, a argumentação é consistente. Escorado na história, Ferguson acredita que a crise atual dará origem a instituições financeiras capazes de lidar com as novas incertezas. É uma adaptação do conceito da destruição criativa de Joseph Schumpeter. Mas há uma diferença: as garantias implícitas aos bancos considerados grandes demais para quebrar. E aqui Ferguson levanta uma questão que continua em pauta. Além de a ajuda oficial ser um "perigo moral" (pois encoraja a frouxidão na análise dos riscos, "na assunção de que o Estado intervirá para evitar a iliquidez"), ela ameaça a seleção natural, permitindo a sobrevivência de instituições mais fracas. Da história contada por Ferguson pode-se deduzir que medidas de precaução não deveriam ser excessivas a ponto de eliminar a possibilidade de extinção de instituições. Na prática, pode haver divergência sobre a calibragem, mas é difícil discordar, em tese, de Niall Ferguson.

Oscar Pilagallo é jornalista e autor de, entre outros livros, "A Aventura do Dinheiro - Uma Crônica da História Milenar da Moeda" (Publifolha)

03 agosto, 2009

222) Fordlandia: uma experiencia frustrada

Dearborn-on-Amazon
By BEN MACINTYRE
The New York Times Review of Books, July 19, 2009

FORDLANDIA: The Rise and Fall of Henry Ford’s Forgotten Jungle City
By Greg Grandin
Illustrated. 416 pp. Metropolitan Books/Henry Holt & Company. $27.50

The Amazon has always proved fertile soil for extravagant utopian fantasy. Victorian explorers, American industrialists, ideologues and missionaries all projected their dreams and ideas onto this terra incognita, this untamed wilderness of exotic possibility.

For Europe and North America, the vastness of South America was a focus for romance, discovery and potential profit, and also a canvas on which to paint a new world according to individual belief. Elisabeth Nietzsche, the sister of the philosopher, plunged into the jungles of Paraguay in 1886 intent on creating her own vegetarian Aryan republic, spurred on by the anti-Semitic effusions of Richard Wagner. Theodore Roosevelt predicted the great river system could be harnessed to create “populous manufacturing communities.” Nelson Rockefeller thought the 4,000 miles of the Amazon might be cut into canals.

The British explorer Col. Percy Fawcett plunged into the jungle in 1925, convinced he would find an ancient city that had once flourished there, and was never seen again. Scores of would-be rescuers followed his trail and vanished too. The Amazon had a way of swallowing up dreams.

Elisabeth Nietzsche left her flyblown, half-starved New Germany to rot, and scurried home to distort her brother’s philosophical legacy. Roosevelt returned from his Amazon expedition of 1914 declaring the jungle to be “sinister and evil,” a place inimical to man. Alongside the myth of the Amazon’s boundless opportunities grew another: the jungle as impenetrable nature, immune to modernity, a world savage and primeval where each successive conquistador arrives puffed with pride, and is conquered.

With “Fordlandia,” Greg Grandin, a professor of history at New York University, tells a haunting story that falls squarely into this tradition: Henry Ford’s failed endeavor to export Main Street America to the jungles of Brazil. Fordlandia was a commercial enterprise, intended to extract raw material for the production of motor cars, but it was framed as a civilizing mission, an attempt to build the ideal American society within the Amazon. As described in this fascinating account, it was also the reflection of one man’s personality — arrogant, brilliant and very odd.

In 1927, Ford, the richest man in the world, needed rubber to make tires, hoses and other parts for his cars. Rubber does not grow in Michigan, and European producers enjoyed a virtual monopoly on the rubber trade because of their Asian colonies. So, typically, the car magnate decided to grow his own.

The site chosen for Ford’s new rubber plantation was an area of some 2.5 million acres on the banks of the Tapajós River, a tributary of the Amazon about 600 miles from the Atlantic. It took Ford’s agents approximately 18 hours to reach the place by riverboat from the nearest town.

Ford’s vision was a replica Midwestern town, with modern plumbing, hospitals, schools, sidewalks, tennis courts and even a golf course. There would be no drink or other forms of immorality, but gardening for all and chaste dances every week.

Fordlandia would not just make car production more efficient. By applying the principles of rational organization to turn out goods at an ever faster pace, Ford would also be improving the lives of those who worked in the new town, bringing health and wealth to American managers and Brazilian laborers alike. In Grandin’s words, this outpost of modern capitalism was to be “an example of his particular American dream, of how Ford-style capitalism — high wages, humane benefits and moral improvement — could bring prosperity to a benighted land.”

That blueprint may have worked in Ford’s River Rouge plant in Dearborn, Mich. It most emphatically did not work in the jungle. Instead of a miniature but improved North American city, what Ford created was a broiling, pestilential hellhole of disease, vice and violence, closer to Dodge City than peaceable Dearborn.

The American overseers found it hard to retain employees, who tended to wander off after earning enough to satisfy their immediate wants. Those who stayed died in large numbers, from viper bites, malaria, yellow fever and numerous other tropical afflictions.

Prohibition was supposed to be rigorously upheld, but after a day spent hacking at the encircling jungle, the workers headed to the bars and bordellos that sprang up around the site. Knife fights erupted; venereal disease was rife. Along with prohibition, Ford’s other rules were also resented, particularly the imposed diet of brown rice, whole-wheat bread and tinned peaches. When a new cafeteria was introduced in place of waiter service, the men rioted, destroying the mess hall and wrecking every vehicle on the property.

Meanwhile, some of the Americans brought in to run the project went mad. One man hurled himself from a boat into a nest of crocodiles. The wife of one official recalled the flying bugs with “claws just like lobsters.”

Grandin paints a Conradian portrait of Einar Oxholm, the Norwegian ship’s captain appointed manager of Fordlandia. We see him sipping rum (in defiance of company policy) as the fledgling community disintegrated. Oxholm was honest, but otherwise entirely unsuited to his task, knowing nothing whatever about cultivating rubber or managing men on land. He would finally return to the United States, leaving behind the graves of four of his children.

Indeed, Joseph Conrad’s “Heart of Darkness” resonates through every page of this book, as the white men struggle and succumb to the jungle. In 1929, two Ford employees, Johansen, a Scot, and Tolksdorf, a German, headed upriver with orders to collect rubber seeds. Instead, they went on an alcoholic bender, marooned their cook on a deserted island and ended up in the tiny town of Barra. There Johansen, the self-proclaimed “rubber seed king of the upper rivers,” bought some perfume from a trading post and was seen chasing goats, cows and chickens, attempting to anoint the animals with perfume and shouting: “Mr. Ford has lots of money; you might as well smell good too.” A drunken man spraying perfume into the jungle is an oddly fitting image for the entire enterprise.

The great carmaker himself witnessed none of this. He never set foot in the town that bore his name, yet his powerful, contradictory personality influenced every aspect of the project. The story of Fordland­ia is a biography of Ford in relief, the man who championed small-town America but did more to destroy it than any other, the pioneer who aimed to lift workers from drudgery but pioneered a method of soul-destroying mass production that rendered them mere cogs.

Ford was obsessed, among other things, by Thomas Edison, soybeans, antiques and order. He hated unions, cows, Wall Street, Franklin Roosevelt and Jews. He also, fatally, despised experts. Ford’s Amazon team had plenty of able men, but as Grandin observes, “what it didn’t have was a horticulturalist, agronomist, botanist, microbiologist, entomologist or any other person who might know something about jungle rubber and its enemies” — the lace bugs and leaf blight that laid siege to the rubber trees, the swarms of caterpillars that left areas of the plantation “as bare as bean poles.”

Given the obstacles, it is astonishing how much the creators of Fordlandia did achieve. During its brief heyday, Fordlandia boasted red fire hydrants on neat streets, running water, a sawmill, a water tower and weekly square dancing. But the intransigence of the jungle, changes in the world economy and war ensured its ignominious demise. The Ford Motor Company invested $20 million in Fordlandia. In 1945 it was sold to the Brazilian government for $244,200.

Ben Macintyre’s latest book is “Agent Zigzag: A True Story of Nazi Espionage, Love, and Betrayal.”

01 agosto, 2009

221) Niall Ferguson, Ascent of Money

Niall Ferguson, _The Ascent of Money: A Financial History of the World_. New York: Penguin, 2008. v + 441 pp. $30 (hardcover), ISBN: 1594201929.

Reviewed for EH.NET by Niv Horesh, Faculty of Arts and Social Sciences, University of New South Wales.

Harvard’s Niall Ferguson is perhaps best known for his magisterial history of the House of Rothschild and, more recently, his exhortation against the risks of unbridled government borrowing and nebulous stimulus packages ostensibly designed to avert what is often termed the worst global economic crisis since the Great Depression. In the _Ascent of Money_ he harnesses his narrative skills to offer lay readership a captivating account of global monetary history from time immemorial to the twenty-first century. The book’s release coincided with an eponymous television series that has already been broadcast in much of the English-speaking world. Both the series and the book are immensely entertaining and readily accessible, but the latter arguably makes for a more convenient platform from which academics can approach Ferguson’s many insights.

The Introduction (pp. 1-17) prepares readers for what Ferguson perceptively identifies as the core stories attending the evolution of money over the last four millennia. These are many and varied, as one would expect. He is concerned with, inter alia, the “recurrent hostility” to financial intermediaries and religious minorities associated with them in early-modern European history; the triumph of the Dutch Republic over the Hapsburg Empire, the latter’s possession of silver mines in South America notwithstanding; the spread of paper money, fiat currency and invisible means of payment in the twentieth century; right through to the possible eclipse of American global primacy in the next two decades.

Titled “Dreams of Avarice,” Chapter One sets course by recounting how the Incas were flabbergasted by the “insatiable lust for gold and silver” that seemed to grip the Spanish conquistadors (p. 21). It then lays out with humor and verve the well-known story of Potosí, now a fairly sleepy town in the Bolivian Andes, which once provisioned Spain with untold amounts of silver. In the same breath, the chapter goes on to offer an overview of coinage since the seventh century BC. Notably, Ferguson sees the flow of silver from the Andes to Europe as a “resource curse” which removed the incentives for more productive economic activity, while strengthening “rent-seeking autocrats” in seventeenth-century Spain. Contrary to criticism of Eurocentrism often leveled at him, Ferguson carefully emphasizes here the contribution other peoples have made to modern finance: “... economic life in the Eastern world -- in the Abassid caliphate or in Song China -- was far more advanced” at least unt!
il Fibonacci introduced Indian algebraic precepts in early thirteenth-century Italy (p. 32); these were later reified by the Medicis into double-entry bookkeeping in the Florentine republic (p. 43).

By the early seventeenth-century, European financial innovation had shifted from the Italian city-states to the Low Countries, though it was still driven by the exigencies of costly and recurrent warfare and ambitions of monopolizing trade with the East (p. 48-49). This spurt of European financial innovation had actually long “preceded the industrial revolution,” a complex but much better-studied spate of events (p. 52). The financial and industrial revolutions then converged with the spread of joint-stock companies and proto-types of central banks in the latter half of the nineteenth century.

Subsequent chapters flesh out Ferguson’s analysis. Titled “Of Human Bondage,” Chapter Two (pp. 65-118) explores, for example, the distinctness of the European economic trajectory, beginning with how the majority of Florentine citizenry partook of financing the Republic’s debt in the fourteenth century. In the seventeenth-century, the United Provinces of the Netherlands combined the borrowing techniques of an Italian city-state “... with the scale of a nation-state.” The Dutch were able to finance their wars by pitching Amsterdam “as the market for a whole range of new securities” (p. 75). The eighteenth and nineteenth centuries are characterized by Anglo-French friction, but here Ferguson sees a yawning gap between protestant Britain where public debt defaults became rarer and public debt itself increased many-fold and the powers of landed aristocracy diminished while a professional civil service became more influential -- and Catholic France where public offices were often !
sold to raise money, tax collection was farmed out and government bond issues lost credibility. Notably, the incremental spread of, and popular faith in, British government bonds allowed Whitehall to borrow overseas as well, much to the detriment of Napoleon’s armies. Ferguson similarly believes that (p. 97) the reluctance of European investors to buy into Confederate bonds during the American Civil War doomed the South’s endeavors. This historic lesson is invoked toward the end of the chapter when discussing, in passing, the Bush Administration’s large budget deficits.

Chapter Three (“Blowing Bubbles,” pp. 119-178) zooms in on arguably the most significant economic entity of our time: the joint-stock company. Ferguson aptly dubs it “perhaps the single greatest Dutch invention of all.” Here, he elides earlier -- though fairly short-lived -- occurrences of comparable entities both in Europe and in pre-modern Asia. But there can be little doubt that the establishment of the Dutch VOC (1602) marked a veritable turning point, not least because it underlay the growth of the world’s first bourse. Indeed, the establishment of royally-chartered companies principally aimed at trade with Asia seems to have underpinned the rise of stock exchanges and public debt in Europe’s Northeast as a whole. The rise of public debt and publicly-listed equity was beset by frequent speculative bubbles, from which emerged a more sophisticated British credit economy.

Chapter Four (“The Return of Risk,” pp. 176-229) takes up a swag of issues from the impact of Hurricane Katrina on the U.S. psyche, through how the Great Fire of London (1666) created demand for insurance policies, to Japan’s welfare system and Milton Friedman’s mentorship of Latin American finance ministers. By comparison, Chapter Five (“Safe as Houses,” pp. 230-82) is more singularly framed around what Ferguson perceptively calls “the passion for property” in the home-owning democracies of Anglo-Saxondom. He aptly reminds us (p. 233, 241) that as recently as the 1930s, little more than two-fifths of U.S. households owned their home compared with over 65% today, and traces back this staggering social transformation to the New Deal and the Civil Rights Movement. The expansion of home ownership was facilitated in the late 1930s by then-novel institutions like Fannie Mae, which are at the heart of the recent sub-prime meltdown. In that sense, but not in that sense only, Fergus!
on does a wonderful job of explaining well beyond clichés the linkages between the Great Depression to today’s global finance crisis. He then points the finger (p. 269) at rating agencies such as Moody’s and Standard & Poor’s for obfuscating the precariousness of collateralized sub-prime mortgages, which financial “alchemists” turned into tradable debt obligations.

In essence, the last chapter (“From Empire to Chimerica,” pp. 283-340) is dedicated to China’s resurgence in the twenty-first century, and subtly considers whether this might ultimately result in a catastrophic Sino-American military confrontation. From a China specialist’s perspective, it is perhaps a pity that a scholar of Ferguson’s wisdom and insight stops short of opining whether we are witnessing at present the rise of a new form of capitalism with Chinese characteristics (e.g. capitalism without democracy) or simply gradual Chinese adaptation to Western market norms. Academic pedants might also quip that Ferguson draws heavily on Kenneth Pomeranz’s path-breaking book, _The Great Divergence_, when writing that living standards in Europe and China were on par as late as the eighteenth-century (p. 285). This might have called for a more detailed discussion, given that earlier parts of the book allude to the Italian city-states (fourteenth century) as the progenitors of E!
urope’s financial revolution. Similarly, Ferguson’s assertion that the “... ease with which the [Chinese] Empire could finance its deficits by printing money discouraged the emergence of European-style capital markets” (p. 286) might sound a little facile to specialists, not least because note issuance was all but abandoned by late-Imperial dynasties.

However, these are minor criticisms that do not detract in any way from the wonderful feat of storytelling which Ferguson has again pulled off. This book makes for a bold and original attempt to provide a comprehensive history of what, some say, makes the world go around. It is likely to turn into a best-selling classic, and a must-read item in countless undergraduate courses.


Niv Horesh is Lecturer in Chinese Studies at the School of Languages and Linguistics, University of New South Wales, Sydney, Australia. His first book, _Shanghai's Bund and Beyond_ (Yale University Press, 2009), is the first comparative study in English of foreign banks and banknote issuance in pre-war China. His second book (forthcoming in 2010), is a comprehensive socio-economic account of Shanghai’s rise to prominence (1842-2010).

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