160) Amor pelos livros, em romance de suspense
A CASA DE PAPEL
Autor: DOMINGUEZ, CARLOS MARIA
Editora: FRANCIS
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA-ROMANCES
ISBN : 8589362655
ISBN-13: 9788589362658
Livro em português
Brochura
11 x 19cm, 1ª Edição: 2006; 104 pág.
Sinopse:
Na primavera de 1998, Bluma Lennon, uma professora de Cambridge, está lendo um livro de poemas de Emily Dickinson quando é atropelada. Após a sua morte, um colega e ex-amante recebe um exemplar de A linha da sombra, de Joseph Conrad, em que Bluma escrevera uma misteriosa dedicatória e que lhe era agora devolvido. Intrigado, ele parte numa busca que o leva a Buenos Aires com o objetivo de procurar pistas sobre a identidade e o destino de um obscuro, mas dedicado bibliófilo e a sua intrigante ligação com Bluma. 'A casa de papel' é uma fábula sedutora sobre o amor desmesurado pelas bibliotecas e pela literatura. Uma envolvente intriga policial e metafísica que envolve o leitor numa viagem de descoberta e deslumbramento perante os estranhos vínculos entre a realidade e a ficção.
O melhor e menor livro sobre livros
A Casa de Papel , pequena obra-prima de Carlos María Domingues, é história curta e deliciosa cheia de mistérios e sutilezas
Aluízio Falcão
O Estado de São Paulo, 10/3/2007
Não será fácil localizar nas vitrines, mostruários e estantes das livrarias, em meio à profusão de capas grandes e vistosas, o pequeno livro de 98 páginas que venho recomendar, minutos depois de sua leitura, com a urgência e a convicção de quem cumpre um dever.
O título, editado pela Francis, é A Casa de Papel . O autor, Carlos María Dominguez , escritor argentino que teve esta obra merecidamente premiada e traduzida para o inglês, francês, alemão, italiano e holandês. História curta, deliciosa, apresenta livros e leitores como personagens centrais, oferecendo como bonificação estética um enredo cheio de mistérios e sutilezas.
Você, que tem os olhos postos nestas linhas de jornal, é a pessoa certa para conhecer a narrativa de Dominguez. Procure-o fazê-lo urgentemente, mesmo que o livreiro responda, como agora é hábito, ser necessário encomendar. Encomende, se for o caso. Custa somente R$ 18 e, durante a leitura, você vai se sentir de algum modo participante da trama, porque integra uma confraria eterna e universal, a dos leitores de livros. Pode não ser um devorador, um compulsivo, um dependente, mas certamente é usuário. Deve ter lá em sua casa no mínimo duas estantes bem sortidas, pois este é o perfil que imagino para os freqüentadores de um caderno de cultura.
Então, caro confrade, abra tão cedo quanto possível as portas dessa casa de papel. Saiba que nenhum escritor, nem mesmo Jorge Luis Borges, tratou de livros e leitores com a intimidade e o discernimento de Carlos María Dominguez. O estilo, admirável e fluente, recebeu os bons cuidados da tradutora Maria Paula Gurgel Ribeiro, a quem se deve, em qualquer resenha, aplausos especiais.
Todo leitor se reconhece nas páginas de A Casa de Papel. Lá estão seus cacoetes, formas de ler, registrar impressões, guardar e arrumar os volumes, exibi-los ou escondê-los. A sua relação maníaca, obsessiva e encantadora com estes objetos foi descrita nos termos de uma forte relação amorosa, com todas as agonias e prazeres correspondentes.
A história contada, fortemente original e misteriosa, capaz de prender nossa atenção o tempo todo, não é a principal virtude a comentar. Nem poderia ser, a menos que desejássemos agir como aquele chato antecipador que nos interrompe quando narramos para outras pessoas uma situação que ele também vivenciou e conhece em detalhes. Neste caso, somente Carlos María Dominguez tem o direito de contar o seu enredo, que não vou antecipar aqui. Enredo equivalente, em simplicidade e invenção, aos melhores textos dos romances modernos.
Escolhemos, como centralidade para estas notas, o vínculo entre nós leitores e estes impressos que se instalam em nossas casas e vão ocupando cada vez mais espaços a ponto de nos obrigar a expulsá-los com a alma ferida e sangrando, como quem manda embora alguém de um longo convívio e grande afeto. Esse drama, que todo leitor vive de vez em quando, a menos que disponha de uma casa somente para livros, é soberbamente abordado em A Casa de Papel, constituindo-se o ponto de apoio para a fantasia narrada.
O magnífico livrinho é, para mim, muito mais ensaio do que ficção, com a qual ando me desentendendo ultimamente. Escreve Dominguez: 'É mais difícil desfazer-se de um livro do que obtê-lo. Aderem-se a nós com um pacto de necessidade e esquecimento, tal como se fossem testemunhas de um momento das nossas vidas ao qual não regressaremos.' A leitura desse trecho me fez reabrir alguns volumes com breves registros que muito representam para mim e não dizem absolutamente nada para estranhos: 'Verão de 2002'; 'Lido em abril de 1964'; 'Nina, tarde de maio'; 'Se este avião cair mesmo, a quem contarei o que li?'; 'Melhor terminar este capítulo no hotel que bater pernas em Londres, de guarda-chuva na mão'; e assim por diante, cada nota reconstituindo situações aflitivas ou alegrias plenas, que são fatores complementares nesta bela aventura que chamamos vida. Se olharmos bem para cada livro que temos, uma lembrança imediata nos vem à memória. Eles, de alguma forma, são parte de nós, em papel.
Dominguez fala também, com excelente humor, da vaidade costumeira na exibição de livros para contemplação de visitantes. Menciona um professor que fingia ir preparar um café na cozinha, deixando a visita bem à vontade para olhar curiosamente os títulos alinhados em suas estantes. Voltava sorridente, de bandeja na mão, depois de uma demora suficiente para alimentar a inveja do amigo. No mesmo parágrafo, enquanto ainda rimos, flagra a nossa mania de espionar estantes alheias para medir o gosto e a cultura de quem estamos visitando. Em vez de ficarmos sentados educadamente, esperando alguém da família, preferimos ficar de pé, fuçando os livros da casa. Quem já não fez isso atire a primeira pedra.
Observa o autor que 'a biblioteca é uma vida' e passa a relacionar temperamentos com os modos de ler, organizar livros, fazer anotações. O personagem narrador se confessa freguês constante do aparato de notas e praticante da reflexão demorada para esclarecer o sentido de cada conceito. De minha parte, vou grifando apressadamente as palavras ou faço às vezes uma breve anotação à parte. Jamais tive boas relações com notas de pé de páginas e outras mais extensas, no final de certos livros. Somente as leio em caso de extrema necessidade.
Amigos da academia organizam imensos fichários no computador, integrando tecnologia digital e suas fornidas bibliotecas. Fazem muito bem. Não os imito por preguiça e vocação para a desordem. Li uma vez (sem anotar e por isso não sei onde) que Gabriel García Márquez achou um jeito de não sobrecarregar a biblioteca. Ele costuma ler certos livros na cama, junto com sua mulher, e de forma extremamente útil para evitar acúmulo de estoque. Lê uma página, arranca do livro, passa para Mercedes, que também lê, e em seguida joga num balde de lixo ao pé do leito nupcial.
Leitores diferenciam-se de várias maneiras. Um personagem de A Casa de Papel dava-se ao requinte de ler escritores do século 19 à luz de velas dispostas em candelabro de prata. O ritual somente era usado no caso de obras anteriores à luz elétrica. 'Por mais nova que seja a edição e branco o papel, há luz de círios se tingem de uma pátina que introduz valores, matizes, com maravilhoso encanto.' Outro personagem lia Goethe ouvindo uma ópera de Wagner ou Baudelaire ao som de Debussy.
Se há pessoas que tratam livros e leitores com esta reverência, outros abusam da intimidade. Leitores pobres não hesitam em usar grossos volumes para equilibrar camas ou mesas de pés mancos e desconjuntados. Muitos dicionários, diz Domínguez, aplainaram e prensaram mais objetos do que enriqueceram o vocabulário de seus donos. Não poucos livros transformaram-se em esconderijos para dinheiro, cartas e outros papéis secretos.
Muita gente de minha geração, nos anos 60 e 70, viveu o drama de se desfazer de livros preciosos que, entretanto, punham em risco a sua segurança. Domínguez enfrentou seus anos de chumbo na Argentina, testemunhando situações idênticas. Um trecho do que diz o personagem narrador:
'Durante os anos da última ditadura militar argentina, muita gente queimou seus livros no bidê, nas banheiras, enterrou coleções no fundo de suas casas. Haviam-se tornado notoriamente perigosos. Entre eles e a própria vida, as pessoas escolhiam, transformadas em seu próprio verdugo. Livros que haviam sido longamente estudados, discutidos, livros que tinham despertado paixões, compromissos irrenunciáveis, e distanciado velhos amigos, subiam ao céu transformados em cinzas de carvão que se dissipavam no ar.'
Para tão longo amor, tão curta a vida - é isso mais ou menos o que está naquele antigo soneto e no texto primoroso de Carlos María Dominguez quando aborda, com novas palavras e maior força, a falta de tempo necessário para ler todos os bons livros que temos ou sonhamos ter. Não se conta a leitura para fins de crítica ou estudo, feita por um grupo happy few, que se livrou de outras ocupações obrigatórias. O autor de A Casa de Papel parece compadecer-se dos leitores não profissionais, que formam a grande maioria preocupada em alcançar, num futuro que nunca vem, a delícia da leitura em tempo integral.
Autor: DOMINGUEZ, CARLOS MARIA
Editora: FRANCIS
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA-ROMANCES
ISBN : 8589362655
ISBN-13: 9788589362658
Livro em português
Brochura
11 x 19cm, 1ª Edição: 2006; 104 pág.
Sinopse:
Na primavera de 1998, Bluma Lennon, uma professora de Cambridge, está lendo um livro de poemas de Emily Dickinson quando é atropelada. Após a sua morte, um colega e ex-amante recebe um exemplar de A linha da sombra, de Joseph Conrad, em que Bluma escrevera uma misteriosa dedicatória e que lhe era agora devolvido. Intrigado, ele parte numa busca que o leva a Buenos Aires com o objetivo de procurar pistas sobre a identidade e o destino de um obscuro, mas dedicado bibliófilo e a sua intrigante ligação com Bluma. 'A casa de papel' é uma fábula sedutora sobre o amor desmesurado pelas bibliotecas e pela literatura. Uma envolvente intriga policial e metafísica que envolve o leitor numa viagem de descoberta e deslumbramento perante os estranhos vínculos entre a realidade e a ficção.
O melhor e menor livro sobre livros
A Casa de Papel , pequena obra-prima de Carlos María Domingues, é história curta e deliciosa cheia de mistérios e sutilezas
Aluízio Falcão
O Estado de São Paulo, 10/3/2007
Não será fácil localizar nas vitrines, mostruários e estantes das livrarias, em meio à profusão de capas grandes e vistosas, o pequeno livro de 98 páginas que venho recomendar, minutos depois de sua leitura, com a urgência e a convicção de quem cumpre um dever.
O título, editado pela Francis, é A Casa de Papel . O autor, Carlos María Dominguez , escritor argentino que teve esta obra merecidamente premiada e traduzida para o inglês, francês, alemão, italiano e holandês. História curta, deliciosa, apresenta livros e leitores como personagens centrais, oferecendo como bonificação estética um enredo cheio de mistérios e sutilezas.
Você, que tem os olhos postos nestas linhas de jornal, é a pessoa certa para conhecer a narrativa de Dominguez. Procure-o fazê-lo urgentemente, mesmo que o livreiro responda, como agora é hábito, ser necessário encomendar. Encomende, se for o caso. Custa somente R$ 18 e, durante a leitura, você vai se sentir de algum modo participante da trama, porque integra uma confraria eterna e universal, a dos leitores de livros. Pode não ser um devorador, um compulsivo, um dependente, mas certamente é usuário. Deve ter lá em sua casa no mínimo duas estantes bem sortidas, pois este é o perfil que imagino para os freqüentadores de um caderno de cultura.
Então, caro confrade, abra tão cedo quanto possível as portas dessa casa de papel. Saiba que nenhum escritor, nem mesmo Jorge Luis Borges, tratou de livros e leitores com a intimidade e o discernimento de Carlos María Dominguez. O estilo, admirável e fluente, recebeu os bons cuidados da tradutora Maria Paula Gurgel Ribeiro, a quem se deve, em qualquer resenha, aplausos especiais.
Todo leitor se reconhece nas páginas de A Casa de Papel. Lá estão seus cacoetes, formas de ler, registrar impressões, guardar e arrumar os volumes, exibi-los ou escondê-los. A sua relação maníaca, obsessiva e encantadora com estes objetos foi descrita nos termos de uma forte relação amorosa, com todas as agonias e prazeres correspondentes.
A história contada, fortemente original e misteriosa, capaz de prender nossa atenção o tempo todo, não é a principal virtude a comentar. Nem poderia ser, a menos que desejássemos agir como aquele chato antecipador que nos interrompe quando narramos para outras pessoas uma situação que ele também vivenciou e conhece em detalhes. Neste caso, somente Carlos María Dominguez tem o direito de contar o seu enredo, que não vou antecipar aqui. Enredo equivalente, em simplicidade e invenção, aos melhores textos dos romances modernos.
Escolhemos, como centralidade para estas notas, o vínculo entre nós leitores e estes impressos que se instalam em nossas casas e vão ocupando cada vez mais espaços a ponto de nos obrigar a expulsá-los com a alma ferida e sangrando, como quem manda embora alguém de um longo convívio e grande afeto. Esse drama, que todo leitor vive de vez em quando, a menos que disponha de uma casa somente para livros, é soberbamente abordado em A Casa de Papel, constituindo-se o ponto de apoio para a fantasia narrada.
O magnífico livrinho é, para mim, muito mais ensaio do que ficção, com a qual ando me desentendendo ultimamente. Escreve Dominguez: 'É mais difícil desfazer-se de um livro do que obtê-lo. Aderem-se a nós com um pacto de necessidade e esquecimento, tal como se fossem testemunhas de um momento das nossas vidas ao qual não regressaremos.' A leitura desse trecho me fez reabrir alguns volumes com breves registros que muito representam para mim e não dizem absolutamente nada para estranhos: 'Verão de 2002'; 'Lido em abril de 1964'; 'Nina, tarde de maio'; 'Se este avião cair mesmo, a quem contarei o que li?'; 'Melhor terminar este capítulo no hotel que bater pernas em Londres, de guarda-chuva na mão'; e assim por diante, cada nota reconstituindo situações aflitivas ou alegrias plenas, que são fatores complementares nesta bela aventura que chamamos vida. Se olharmos bem para cada livro que temos, uma lembrança imediata nos vem à memória. Eles, de alguma forma, são parte de nós, em papel.
Dominguez fala também, com excelente humor, da vaidade costumeira na exibição de livros para contemplação de visitantes. Menciona um professor que fingia ir preparar um café na cozinha, deixando a visita bem à vontade para olhar curiosamente os títulos alinhados em suas estantes. Voltava sorridente, de bandeja na mão, depois de uma demora suficiente para alimentar a inveja do amigo. No mesmo parágrafo, enquanto ainda rimos, flagra a nossa mania de espionar estantes alheias para medir o gosto e a cultura de quem estamos visitando. Em vez de ficarmos sentados educadamente, esperando alguém da família, preferimos ficar de pé, fuçando os livros da casa. Quem já não fez isso atire a primeira pedra.
Observa o autor que 'a biblioteca é uma vida' e passa a relacionar temperamentos com os modos de ler, organizar livros, fazer anotações. O personagem narrador se confessa freguês constante do aparato de notas e praticante da reflexão demorada para esclarecer o sentido de cada conceito. De minha parte, vou grifando apressadamente as palavras ou faço às vezes uma breve anotação à parte. Jamais tive boas relações com notas de pé de páginas e outras mais extensas, no final de certos livros. Somente as leio em caso de extrema necessidade.
Amigos da academia organizam imensos fichários no computador, integrando tecnologia digital e suas fornidas bibliotecas. Fazem muito bem. Não os imito por preguiça e vocação para a desordem. Li uma vez (sem anotar e por isso não sei onde) que Gabriel García Márquez achou um jeito de não sobrecarregar a biblioteca. Ele costuma ler certos livros na cama, junto com sua mulher, e de forma extremamente útil para evitar acúmulo de estoque. Lê uma página, arranca do livro, passa para Mercedes, que também lê, e em seguida joga num balde de lixo ao pé do leito nupcial.
Leitores diferenciam-se de várias maneiras. Um personagem de A Casa de Papel dava-se ao requinte de ler escritores do século 19 à luz de velas dispostas em candelabro de prata. O ritual somente era usado no caso de obras anteriores à luz elétrica. 'Por mais nova que seja a edição e branco o papel, há luz de círios se tingem de uma pátina que introduz valores, matizes, com maravilhoso encanto.' Outro personagem lia Goethe ouvindo uma ópera de Wagner ou Baudelaire ao som de Debussy.
Se há pessoas que tratam livros e leitores com esta reverência, outros abusam da intimidade. Leitores pobres não hesitam em usar grossos volumes para equilibrar camas ou mesas de pés mancos e desconjuntados. Muitos dicionários, diz Domínguez, aplainaram e prensaram mais objetos do que enriqueceram o vocabulário de seus donos. Não poucos livros transformaram-se em esconderijos para dinheiro, cartas e outros papéis secretos.
Muita gente de minha geração, nos anos 60 e 70, viveu o drama de se desfazer de livros preciosos que, entretanto, punham em risco a sua segurança. Domínguez enfrentou seus anos de chumbo na Argentina, testemunhando situações idênticas. Um trecho do que diz o personagem narrador:
'Durante os anos da última ditadura militar argentina, muita gente queimou seus livros no bidê, nas banheiras, enterrou coleções no fundo de suas casas. Haviam-se tornado notoriamente perigosos. Entre eles e a própria vida, as pessoas escolhiam, transformadas em seu próprio verdugo. Livros que haviam sido longamente estudados, discutidos, livros que tinham despertado paixões, compromissos irrenunciáveis, e distanciado velhos amigos, subiam ao céu transformados em cinzas de carvão que se dissipavam no ar.'
Para tão longo amor, tão curta a vida - é isso mais ou menos o que está naquele antigo soneto e no texto primoroso de Carlos María Dominguez quando aborda, com novas palavras e maior força, a falta de tempo necessário para ler todos os bons livros que temos ou sonhamos ter. Não se conta a leitura para fins de crítica ou estudo, feita por um grupo happy few, que se livrou de outras ocupações obrigatórias. O autor de A Casa de Papel parece compadecer-se dos leitores não profissionais, que formam a grande maioria preocupada em alcançar, num futuro que nunca vem, a delícia da leitura em tempo integral.
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