Book Reviews

03 junho, 2007

111) Alain Peyrefitte, Sociedade de Confiança

A sociedade de confiança
Alain Peyrefitte
Tradução:Cylene Bittencourt
Rio de Janeiro: Topbooks, Instituto Liberal, 2004, p. 634.
R$ 50,00

Apresentação do Embaixador Meira Penna e posfácio de Olavo de Carvalho. O livro foi editado pela Topbooks com apoio cultural do Instituto Liberal.

Alain Peyrefitte foi 11 vezes ministro, diplomata de carreira, estadista, historiador, cientista político, membro da Academia Francesa e jornalista. Foi colaborador, amigo e homem de confiança do general Charles de Gaulle por três décadas; deputado em todas as legislaturas da V República. Como ministro, esteve à frente das pastas da Educação, Justiça, do Interior, do Planejamento, da Cultura, da Pesquisa Científica. Presidiu até passado recente o conselho editorial do Figaro, o mais poderoso diário francês. Autor de diversos livros, entre os quais Le mal français (1976). Peyrefitte morreu em janeiro de 2000.

Em A sociedade de confiança, o autor fundamenta e expõe sua conclusão sobre uma antiga indagação que lhe perseguia: o que, de fato, leva um país a tornar-se rico e outro a empobrecer? Seriam fundamentais os tradicionais fatores Capital e Trabalho? Peyrefitte chega à conclusão de que há um terceiro fator mais importante - o cultural. E toma como base inicial de observação a Europa "romana" e a Europa das reformas protestantes. Para Peyrefitte, o que levou a mesma cultura a se dividir e tomar rumos bem distintos, com efeitos opostos, resume-se numa palavra: confiança. Enquanto a Europa "romana" se deixa dominar por um comportamento religioso e entra em declínio econômico, a outra adota um comportamento sócio-econômico espontâneo. A primeira é impregnada do sentimento de desconfiança; a segunda opta pela confiança.

"A sociedade de desconfiança é uma sociedade temerosa, ganha-perde: uma sociedade onde a vida em comum é um jogo cujo resultado é nulo, ou até negativo ("se tu ganhas, eu perco"); sociedade propícia à luta de classes, ao mal-viver nacional e internacional, à inveja social, ao fechamento, à agressividade da vigilância mútua."

"A sociedade de confiança é uma sociedade em expansão, ganha-ganha ("se tu ganhas, eu ganho"); sociedade de solidariedade, de projeto comum, de abertura, de intercâmbio, de comunicação."