Book Reviews

01 junho, 2006

48) Desmistificando a ideia de progresso

O MITO DO PROGRESSO
AUTOR: GILBERTO DUPAS
EDITORA: UNESP
PÁGINAS: 312
EDIÇÃO: 1ª
ANO: 2006
ISBN: 8571396574

SINOPSE

Este livro busca analisar a quem dominantemente o progresso serve e quais os riscos e custos de natureza social, ambiental e de sobrevivência da espécie que ele está provocando; e que catástrofes futuras ele pode ocasionar. Principalmente, procura determinar quem escolhe sua direção e com que objetivos, mantendo uma perspectiva crítica em relação ao discurso hegemônico.
O progresso, acumulado por séculos e perseguido incessantemente, tem trazido felicidade para o ser humano? Ele tem tornado as pessoas melhores? Enfrentamos um paradoxo: destruição, morte e desesperança acompanham incríveis inovações tecnocientíficas. Vivemos, hoje, momentos mais inquietantes que os dos perigos nucleares, porque agora, por exemplo, são mais graves os dilemas éticos e morais dos riscos da microbiologia e da genética. Nesse cenário nebuloso, esta obra realiza uma exegese do conceito de progresso, procurando entender o quanto nele se ocultam
interesses meramente hegemônicos. Para tanto, começa por examinar o significado da própria palavra progresso, no imaginário da sociedade global deste início do século XXI, enfatizando sua ligação com a credibilidade ou o poder de quem a enuncia. De modo lúcido, o autor recupera a posição da maioria dos pensadores que se dedicaram mais detidamente ao tema do progresso, em suas variadas tendências e concepções, buscando apontar as contradições entre esse conceito e a evolução de padrões voltados para a realização das potencialidades humanas quanto à eqüidade, à justiça e à garantia de um porvir. Sem pretender negar os benefícios da vertiginosa evolução das tecnologias, Dupas vai desconstruindo esse discurso hegemônico sobre o progresso,
da forma como dele se apropriaram as elites econômicas, apelando para argumentos de natureza ética e filosófica afim de sustentar visões alternativas que, eventualmente, possam fornecer subsídios para políticas que evitem ou adiem uma tragédia. Ao final, o livro leva o leitor a concluir que o progresso não passa de um mito renovado por um aparato ideológico interessado mais na omissão das multidões do que na ação de seus intelectuais, alimentando a idéia de que somente o exercício da crítica, com força e autonomia, poderá fazer acreditar em resultados mais animadores para a humanidade.

SOBRE O AUTOR: Gilberto Dupas é coordenador-geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP e presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais ? IEEI. Autor de vários livros, entre os quais Economia Global e Exclusão Social (Paz e Terra), Ética e Poder na Sociedade da Informação (Editora UNESP), Hegemonia, Estado e Governabilidade (Senac), Tensões Contemporâneas Entre o Público e o Privado (Paz e Terra) e Atores e Poderes na Nova Ordem Global (Editora UNESP); elabora regularmente artigos e ensaios para jornais e revistas especializadas no Brasil e no exterior. Escreveu o romance Retalhos de Jonas e é co-editor da revista Política Externa.

SUMÁRIO

Introdução
1 A evolução do conceito de progresso
Os séculos XVII e XVIII: dos enciclopedistas à riqueza das nações
O sentido da história em crise: do socialismo real ao capitalismo global
As contribuições da psicanálise e da Escola de Frankfurt
2 Conhecimento e progresso como verdade
Modernidade, ocidentalismo e eurocentrismo
Um freio de emergência para a escalada do progresso
3 Economia política como ciência do progresso
Nova lógica global e progresso
A última fronteira da acumulação: o mercado da pobreza
4 Ciência médica, saúde e progresso
Medicalização da saúde e o abandono do doente em favor da doença
Manipulação genética e nanotecnologia: a fronteira decisiva?
5 Meio ambiente e o futuro da humanidade
Aquecimento global, devastação ambiental e o fim das espécies
Poluição atmosférica, ação política e a lógica do capital
6 Uma longa e imprevisível caminhada
Sobre a capacidade crítica do indivíduo e a soberania do cidadão
O futuro do progresso e o pós-humano
Referências bibliográficas
Índice onomástico e remissivo